
Ontem, não sei quanto tempo fiquei no meu banheiro vendo a minha torneira do banheiro pingar. Me desculpem os ambientalistas, eu também não concordaria com isso se fosse outro momento, mas ela foi minha guru de ontem, a minha meditação.
A água dela que pingava por um momento se sincronizou com a água que caía dos meus olhos. Mas foi bom assim. Por uns momentos, você só gotejar, a sua existência se reduz a uma micro gota dágua (será que um dia ainda eu viro nuvem??) E foi assim, fiquei um sem numero de minutos lá parada, só existindo. Em muitos momentos, a minha mente vinha me dizer que eu era uma inútil (principalmente com um guarda roupa bufando para ser arrumado, e eu ali parada) que eu não fui capaz de fazer muitas coisas, que eu perdi feio.
Mas aí consegui travar uma conversa amiga com ela. ( Só uma dúvida, porque será que em momentos de tristeza algumas vezes vamos para o banheiro? No livro Comer, Rezar e Amar, citando-o mais uma vez, a personaem principal ia para o banheiro e ficava la por horas tentando resolver a vida, acho que lá é um lugar onde as coisas fluem né? O chuveiro, a torneira, a privada..rsrs tudo segue seu fluxo, ou ate lembrando alguém, posso achar que o banheiro é um lugar de pureza, onde buscamos "higienizar nosso corpo" e talvez metaforicamente nossas almas....
Mas foi assim....voltando a minha conversa amiga com a minha mente ( nesse meio tempo minha roommate achando que eu poderia ter descido pelo ralo abaixo ou ter tido uma diarréia do demo, mas ela é linda, e ela entendeu )
Eu vi e senti que to num momento de não entender. Eu ainda não entendo o que está se passando, o porque da minha vida estar assim nesse momento. E aí o que "me disseram", sei lá que voz é essa,deve ser o meu Eu superior, que essa dor que eu to sentindo, não é só a dor de um relacionamento que chegou ao fim, não é a dor de uma perda, ou de uma frustração...é a dor do crescimento. Uma dor tão forte, tão profunda...como se ela rasgasse o meu peito e fosse abrindo caminhos internos que eu ainda não sei o que pode preenchê-las. Uma dor de saber que você chegou aos 25 anos de idade e vai deixar tudo para trás em que você acreditou, que você não pensa a vida como os demais, que por mais que muitas vezes se afunde no sofrimento, você sabe que tem uma luzinha, uma lamparina acesa...e essa luzinha, são os pequenos momentos de clareza.
É dolorido romper com tudo..., é dolorido saber que muita coisa poderia ter sido e não foi...e até aceitar isso, vai doer ainda mais... Mas hoje eu sei que não estou sozinha, em primeiro lugar eu tenho a mim, externamente de dentinho torto, magrela pq só come miojo, e chorona, mas internamente com um coração enorme que só deseja a paz.... Tenho amigos abençoados que só me desejam o bem ( seja ate levando para um carnaval de rua com muito chopp, seja para só me olhar e dizer, ok estou aqui ) tenho um gato gordo que me ama sem me julgar, e tenho a Deus, Buda, Shiva, seja lá qual for o nome que eu chamo ( e ontem meu Deus foi a minha torneira!) que me acompanham, me ajudam a suportar a "realidade" que eu venho me deparando...
Mas uma coisa é unanime, todo mundo sabe dos efeitos poderosos do tempo....mas o que eu faço enquanto ele não passa?
Vou procurar uma torneira maior....
Om shanti
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